quinta-feira, 10 de junho de 2010

O SONHO VIOLENTADO

Em 1934 a mulher brasileira conquista o direito ao voto. Cecília não se encontra entre aquelas que lutaram nas praças públicas por esse direito. Por quê? Porque é outro o seu campo de ação social. Ela está nos jornais e nas escolas. Nesse mesmo ano é chamada para dirigir o Centro Infantil, a ser instalado no Pavilhão Mourisco, em Botafogo. Vê no convite a possibilidade de pôr em prática as idéias sobre o novo modelo de educação que tanto tem defendido na imprensa. Constrói aí a primeira Biblioteca Infantil da cidade do Rio de Janeiro. Correia Dias transforma o porão numa cidade encantada. Ali as crianças podem afinal exercer livremente a sua imaginação em atividades criativas várias: pintura, leitura, música, desenho.

O sonho, porém, como todo sonho, não dura muito. Intrigas políticas levam ao fechamento da biblioteca. Violenta devassa, promovida pela Polícia Política do governo de Getúlio Vargas, destrói inclusive cerâmicas de inspiração marajoara criadas por Correia Dias. A explicação para tal vandalismo: livros, considerados perigosos à educação infantil, entre eles, (pasmem!) As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain.

Uma ironia, um contra-senso, acontecer isso logo com ela. Apesar de progressista, sempre fora cética demais para aderir a qualquer partido político e bastante espiritualista para deixar-se seduzir pelo marxismo. Coisas da ditadura.

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